10 dezembro 2007

Os Diálogos de Sócrates e Pafúncio




Diálogo I – Tema: A Felicidade


Talvez vocês nunca tenham ouvido falar. Mas, Pafúncio fora um dos grandes mestres de Sócrates. Muito do que Sócrates sabia foi Pafúncio quem lhe ensinou.

Quando Sócrates ainda era bem pequenininho - e muito ignorante - Apolo o recolheu das ruas onde este ficava jogando bolinha de gude - e tratou de encontrar mestres para o instruírem. E foi assim que Sócrates se tornou um grande filósofo.

Apresento abaixo a tradução de um manuscrito secreto que tivera sido escrito em javanês pelo próprio Sócrates. Eis a tradução do primeiro diálogo...


(Sócrates) – Pafúncio! Oh grande Mestre! Muitos foram os pensadores, filósofos e eruditos de todos os tempos a discutir o tema da felicidade. Tu que és considerado o mais sábio de todos, diga-me: Qual o segredo para a felicidade?

(Pafúncio) – Sócrates! Oh grande Jumento! Não existe nenhum segredo para a felicidade. E muito menos felicidade. Felicidade é um conceito que se assemelha a um homem de 7 metros de altura. Ou seja, só existe na imaginação humana. O que existe são momentos de alegria, momentos de prazer, momentos de entusiasmo. Porém, momentos assim, não são, nunca foram, e nunca serão constantes nesta dimensão. Pois que, durante nossa existência, quer sejamos homens, ou mesmo animais, além dos momentos de alegria e prazer, sempre haverão, também, momentos de tristeza e dor. Sendo assim, enfie esta máxima dentro deste teu melão: “Felicidade constante não existe”.

(Sócrates) – Pafúncio suas palavras são simplesmente incríveis. E devo confessar que, de todas, as mais sábias foram as que me denominaram como sendo um grande Jumento. Pois que, só mesmo um Jumento desconhece coisa tão óbvia. Envergonho-me de ter te feito pergunta tão tola.

(Pafúncio) – Sócrates, a vergonha não te levará a lugar algum! Pois, não será assim que deixarás de ser um tolo. Melhor é que continues com suas perguntas tolas. É preciso que vomites toda a tolice que assimilastes em meio a estes homens para que haja espaço para a digestão da verdadeira sabedoria.

(Sócrates) – Pafúncio, já que a felicidade não pode ser alcançada nesta dimensão, por acaso existem meios que possam diminuir nossos sofrimentos?

(Pafúncio) – Logicamente que sim! Até porque, a maioria dos sofrimentos humanos são elaborações que eles mesmos inventaram. E que continuam inventando e reinventando. Existem sofrimentos que são mais difíceis de serem previstos e evitados que são os sofrimentos físicos ou biológicos. Tais como: dores, doenças, lesões, fraturas e mal-estares. Agora, quanto aos sofrimentos psíquicos e emocionais, estes podem ser facilmente previstos e evitados. E até mesmo totalmente eliminados.

(Sócrates) – Então, diga-me: como eliminá-los?

(Pafúncio) – Não existe nenhuma fórmula mágica que possa ser aplicada a todos os casos. No entanto, posso dizer que podemos eliminá-los com a utilização de nossos conhecimentos, com a sabedoria. Para isso basta: 

"Pensar a coisa certa. Na medida certa. E nos momentos certos. E depois: fazer a coisa certa, na medida certa e nos momentos certos"

Os sofrimentos psíquicos e emocionais somente existem como uma espécie de sinalização, que nos alerta de que: nós estamos pensando a coisa errada, na medida errada e nos momentos errados. E também, que estamos fazendo as coisas erradas, na medida errada, e nos momentos errados. 

Por isso as pessoas sofrem! Em virtude disso é que as pessoas não se sentem bem durante a maior parte do tempo.

(Sócrates) – Então, quer dizer que o estudo é capaz de fazer com que as pessoas sofram menos?

(Pafúncio) – Sim! Mas, o estudo de algo que lhes ensine a pensar e agir!

(Sócrates) – Então, grande parte dos sofrimentos humanos são decorrentes das interpretações errôneas que estes fazem da realidade?

(Pafúncio) – Não diria errôneas! Mas sim, de certa forma, meio que masoquistas!

(Sócrates) – Então, as pessoas sofrem porque querem sofrer?

(Pafúncio) – Sócrates, mas como você é atrasado! Só o fato de tu utilizares esse jargão popular: “as pessoas sofrem porque querem sofrer” já é uma evidência de que o teu caso é grave, de que a tua ignorância é imensa. Nem parece que tu és uma pessoa que estuda, que lê diversos livros ao invés de ficar na frente de uma janela (televisão). Ou então, em rodinhas de conversas frívolas sobre gladiadores (futebol). Ou fofocarias sobre a vida dos outros (novelas). Sendo infectado com imundícias deste quilate. Cai na real meu caro! Você acha mesmo que alguém sofre porque quer sofrer? Quem em sua sã consciência almejaria tal tipo de coisa? O que na verdade ocorre é que as pessoas nem isso sabem. Não sabem que através do estudo, reflexão ou meditação elas poderiam ser bem mais felizes.

(Sócrates) – Não te entendo Pafúncio! Primeiro você diz que felicidade não existe, e agora diz que as pessoas podem ser mais felizes. Poderia explicar isso melhor?

(Pafúncio) – Acho que o problema não é a minha explicação. Minha explicação foi tremendamente clara e objetiva. É você que deveria prestar mais atenção. Por acaso eu disse que ao estudar as pessoas seriam felizes? Claro que não sua anta! Eu não disse que as pessoas poderiam ser felizes, nem plenamente felizes, mas sim: muito mais felizes. Captou a diferença ou ainda esta difícil ô anta?

(Sócrates) – Desculpe-me! Sou mesmo uma anta!

(Pafúncio) – Sim! És mesmo uma anta! E o pior é que o mundo está repleto de antas ainda piores que tu. Antas que não leem, não estudam, não raciocinam, não questionam as coisas. Elas apenas repetem aquilo que ouvem como papagaios. Elas pensam 7 minutos sobre determinado assunto e já saem distribuindo suas conclusões e palpites furados. Afinal, todo mundo é metido a ser técnico de futebol, político e psicólogo da vida alheia. Não é mesmo?

E essas pessoas nunca pararam para pensar que, em um livro, por exemplo, podemos entrar em contato com as experiências, raciocínios e conclusões de outra pessoa. Nunca pararam para pensar que um único livro pode representar os esforços de mais de 20 anos de pesquisas e experiências de alguém. E sabe o que isso significa? Pois significa no mínimo economia de tempo! Significa que tu não precisará investir 20 anos da tua vida para chegar a conclusões semelhantes as que ela teve. Isso, se é que em 20 anos tu conseguirias concluir o que tal pessoa concluiu. Pois que, um livro geralmente é baseado na leitura de diversos outros livros. E diversos outros livros podem significar diversos outros 20 anos de esforços e experiências de diversas outras pessoas. Compreendes agora a importância da leitura?

(Sócrates) – Realmente! Nunca tinha pensado nisso desta forma. Mas, Pafúncio, dizem que estudar demais enlouquece!

(Pafúncio) – E quem é que diz isso? Certamente que são antas iguais a ti, preguiçosas e ignorantes. Entenda que estudar demais não enlouquece. Mas, até pode enlouquecer, o que é bem diferente. Mas ainda assim isso é algo muitíssimo raro. Ocorre somente se a pessoa for tremendamente exagerada. Agora, muito mais sensato é considerar que, se estudar demais pode enlouquecer, o fato de não estudar é que certamente fará com que tu continues sendo um louco pelo resto da tua vida. E, sem ao menos ter consciência do tamanho da tua loucura, do tamanho da tua ignorância.

(Sócrates) – É verdade! E sabe, o simples fato de eu desconhecer estas coisas tão óbvias que tu me apresentastes já me fez ter uma certa noção do tamanho da minha ignorância.

(Pafúncio) – Oh! Muito bem! O fato de reconheceres a imensidade da tua ignorância já é um bom começo. Demonstra que o teu caso ainda pode ter cura. Ou então, apresentar alguma melhora.

(Sócrates) – Pafúncio, ainda sobre a questão dos sofrimentos. Tenho a impressão de que a maior parte do sofrimento humano é decorrente de algum tipo de perda. Por exemplo: quando elas perdem algo material, perdem seus empregos, perdem seus familiares, etc. O que tu poderias falar sobre isso?

(Pafúncio) – Realmente! E esse é o maior exemplo de que muitos dos sofrimentos humanos são decorrentes da pura ignorância de conhecimentos tremendamente básicos. Ora, vivemos em um mundo dual onde tudo tem um início e um fim. Nada aqui dura pra sempre. Tudo o que existe um dia deixará de existir. E isso é válido tanto para coisas quanto para animais e pessoas. E isso é algo tão básico e óbvio que somente pessoas com algum “distúrbio mental” acreditariam que isso não é assim, ou que poderia deixar de ser assim. Pois que, a vida é, sempre foi, e sempre será assim! Aqui nada dura pra sempre! Pelo menos nesta dimensão é assim! E se é nesta dimensão que estamos é isso que devemos sempre levar em consideração! Caso preferimos “nos sentir bem”, é claro!

Agora, por mais óbvio que seja esta afirmação (de que tudo acaba), talvez tu te surpreendas ao saber que a grande maioria dos “ocidentais” desconhece esta verdade tão básica da vida. Sim! Isto é algo que eles até conhecem, mas que, ainda não compreenderam direito. Ora, certamente que, “de vez em quando”, eles lembram que tudo tem um início e um fim. Porém, a “cultura ocidental” nunca permitiu ao “homem branco” assimilar este conceito da “impermanência das coisas”. E, é em razão disso que ainda vemos tanta ignorância, tanto fanatismo e tanto sentimentalismo no mundo.

(Sócrates) – Então, você crê que os nossos sentimentos não são importantes?

(Pafúncio) – Seu asno! Não confunda sentimento com sentimentalismo! Nem a diferença entre estes conceitos tão básicos tu sabes? Diga-me: o que tu andas fazendo com o precioso tempo em que tu perambulas por este planeta? Queres mesmo continuar sofrendo a toa? Ou então, sendo mero escravo de pessoas mais burras que tu?

(Sócrates) – Lógico que não!

(Pafúncio) – Então, trate de estudar tudo aquilo que é básico e fundamental! É necessário que tu não mais ofereça teus pulsos, tua consciência e tua alma para as algemas da ignorância que diariamente se apresentam em teu caminho. Preste mais atenção às imagens que teus olhos captam, e aos sons que teus ouvidos ouvem, para que assim tu deixes de exalar este odor mental desagradável.

(Sócrates) – Desculpe-me Pafúncio! É que não sei mesmo a diferença!

(Pafúncio) – E o que é que tu sabes?

(Sócrates) – Só sei que nada sei!

(Pafúncio) – Pois então trate de saber algo. Preste atenção pois isto é importante. Sentimento diz respeito a uma certa sensibilidade que nos permite perceber e considerar os valores que as coisas representam para nós. Já o sentimentalismo é o exagero disso. Sentimentalismo é sempre decorrente de algum tipo de paixão. E a paixão sempre nos faz exagerar o valor que as coisas possuem. 

A paixão nos faz considerar que algo seja “um tudo”, enquanto que nós mesmos, e tudo o mais que existe, tornam-se “um nada”. 

Podemos dizer que paixão seja uma espécie de sinônimo de ignorância. E que, sentimentalismo seja uma espécie de sinônimo de loucura. Agora, sentimentalismo é algo muito inútil! Pois, você pode, por exemplo, até ficar magoado pelo fato de algo não ter saído como você gostaria, que, ainda assim, as coisas continuarão na mesma. Você pode se auto-punir, gritar, praguejar, espernear, pelo fato, por exemplo, de algum familiar ter falecido, que nem assim, você será capaz de fazer com que o defunto se levante de sua cova.

Ora, neste momento temos a nossa volta uma porção de pessoas, as quais nós podemos tratá-las bem, tratá-las mal; ou então, das mesmas nem mesmo nos aproximar. Pois afinal, existem bilhões de pessoas no mundo. E é neste momento presente – “neste agora” - que nós podemos levar os nossos sentimentos em consideração, para fim de vivenciar junto com estas pessoas tudo aquilo que nós gostaríamos, e que elas também gostariam. 

Porque depois, quando as pessoas viram “defunto”, não serão os sentimentalismos que resolverão as coisas. Pois que, de nada adianta levar flores para um quadrado de cimento. De nada adianta empapar o travesseiro com baba e choradeira. Depois, não adianta declarar pras paredes que admirava a pessoa. E muito menos confessar a uma foto de papel que amava a pessoa. Pois, quem ama mesmo, quem admira mesmo, demonstra isso durante a vida. Algo semelhante ao que é dito naquela música que irão inventar com base naquilo que lhe direi agora: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

(Sócrates) – Considerando isso que você fala, as coisas até parecem simples. Porém, o que ocorre é a vida da gente é muito tumultuada. Temos tantas coisas pra fazer e tantas coisas com o que nos preocupar que nem sempre podemos dar a devida atenção às pessoas de que gostamos.

(Pafúncio)
– Sócrates, a primeira coisa que tu deves considerar diz respeito ao aproveitamento do teu tempo. Para isso vamos fazer um experimento: Esta vendo este balde aqui?

(Sócrates) – Sim!

(Pafúncio) – Pois o espaço que há neste balde representa o teu tempo disponível. Agora, estás vendo estas 7 pedras grandes aqui?

(Sócrates) – Sim!

(Pafúncio) – Pois estas pedras representam as atividades com que tu ocupas teu tempo. Diga-me agora o que ocorre quando eu coloco estas 7 pedras grandes dentro deste balde?

(Sócrates) – Ora, o balde fica cheio! E isso significa que o tempo que tínhamos disponível foi totalmente ocupado com estas 7 atividades. É isso?

(Pafúncio) – Errado! O tempo ainda não foi todo ocupado! Estás vendo estas 28 pedras menores? Elas ainda cabem no balde. Veja só... E agora, ao colocá-las no balde, o que ocorreu?

(Sócrates) – Agora sim, o tempo disponível foi totalmente esgotado com estas 35 tarefas. Pois, não cabe mais nada no balde, não é mesmo?

(Pafúncio) – Errado! Pois, ainda posso preencher muitos dos espaços restantes com areia. Veja...

(Sócrates) – É mesmo! Bem, agora tenho certeza de que não cabe mais nada, portanto...

(Pafúncio) – Portanto tu estás novamente errado. Pois, veja só, ainda posso colocar toda esta porção de água no balde...

(Sócrates) – Que interessante! Agora, deixa-me ver se eu consigo responder como isso se relaciona com as pessoas de que gostamos... Por acaso isso significa que, por mais que acreditemos que a gente não tenha tempo disponível, a verdade é que sempre há como conseguir mais tempo. Ou seja, espaço para mais coisas, espaço para aqueles de que gostamos?

(Pafúncio) – Não! Significa que se tu ocupares todo o teu tempo com coisas pequenas ou sem muita importância, não sobrará espaço para as coisas maiores, que são as coisas mais importantes em tua vida.

(Sócrates) – Muito bem bolado este exemplo! Tu mesmo que criastes?

(Pafúncio) – Não! Foi um amigo meu! O Sr anônimo! Já ouvistes falar nele?

(Sócrates) – Já sim! Já li coisas muito boas deste autor. Agora me responda uma coisa... Entendi perfeitamente o que tu dissestes. Porém, o que ocorre é que nem sempre podemos decidir com o que ocupar nosso tempo. Sendo assim, como podemos nos libertar da culpa, pelo fato de não podermos estar dando a devida atenção às pessoas de que gostamos?

(Pafúncio) – Bem, a segunda coisa que tu deves considerar é que tu és um ser ignorante. Tu és um ser que ainda está em evolução. Certo? E se é assim, tu não tens culpa de nada! Ninguém tem culpa de nada! Apesar do fato de que a maioria das pessoas, ainda hoje, não tenham atingido o nível evolutivo em que estes poderiam ser classificados como verdadeiros seres humanos, uma vez que consideram “as coisas” como sendo mais importantes que “as pessoas”, ainda assim elas não tem culpa de seu atraso, de sua animalidade. Todos estão aqui nesta dimensão para aprender. Aprender através de erros e acertos. Aprender a dar o devido valor a cada coisa e a cada ser. 

E, podemos dizer que, é exatamente em razão disso que uns nascem cegos, e que outros ficam cegos; que uns nascem surdos, e que outros ficam surdos; que uns nascem pobres, e que outros ficam pobres; e assim por diante. 

Apesar do fato dos homens acreditarem que tais tipos de coisas ocorrem de forma aleatória, a verdade é que jamais algo ocorreu de forma aleatória. E, em razão disso, hoje estamos aqui, sob este planeta, flutuando no espaço. 

Entenda que ninguém aqui está simplesmente perdendo tempo. Por mais marginal, terrorista, fanático ou ignorante que uma pessoa seja, ainda assim, ela está passando por aquilo que ela deveria passar. Os familiares de tal pessoa também estão passando por aquilo que deveriam passar. E o mesmo se pode dizer com relação à sociedade e as possíveis vítimas de tais pessoas. Pois, a realidade é, e sempre foi, uma criação social. Não existe culpado! Existem responsáveis! 

Agora, entenda isso como quiseres! Pois é esta a realidade! E é dentro desta realidade que nós somos obrigados a aprender algo! Agora, também é preciso que fique claro que, há duas formas de aprendermos aquilo que nós temos que aprender aqui: uma delas é através do estudo, e a outra é através do sofrimento.

(Sócrates) – Então, você acredita que através do simples estudo uma pessoa poderá, por exemplo, curar sua cegueira, ou então, evitar que algum parente morra?

(Pafúncio) – Não foi isso que eu disse ô imundícia! E não me interrompa! Primeiro ouça o que eu estou lhe dizendo. Depois tire suas conclusões. Preste atenção: você deve tentar entender que, além de tudo ter um início e ter um fim, não é nesta vida que as coisas iniciam. E também não é ao final desta vida que as coisas terminam. Será que você possui capacidade para compreender o que isso significa? Creio que não! Pois, apesar desta afirmação ser simples de entender, não é tão simples compreender o que isso representa. E, pelo fato das pessoas não compreenderem isso, podemos dizer que: elas sofrem a toa.

(Sócrates) – Quer dizer, então, que tudo o que nos ocorre sempre possui alguma finalidade?

(Pafúncio) – Sim! E esta finalidade está muito aquém de tudo aquilo que o homem pensa, já pensou e até mesmo irá um dia pensar.

(Sócrates) – Nossa! Quanta coisa básica e óbvia estes “homens brancos” não se dão conta, não é mesmo?

(Pafúncio) – Pois é! Aqui na Grécia nós acreditamos na reencarnação. Agora, o que é mais incrível é que por mais simples e bem explicado a gente possa expôr tudo isso, ainda assim, creio que nem 10% das pessoas são capazes de entender o que a gente diz. E daqui a 24 horas, talvez menos de 1% lembre algo sobre o que lhes foi dito. O que dirá então colocar em prática tais tipos de coisas! 

O pessoal está em verdadeiro estado de transe! Estão tremendamente preocupados com coisas tremendamente sem importância. Como se a preocupação os levassem a algum lugar! Além disso, as pessoas são muito apegadas as suas personalidades desta vida. Elas acham que elas são e sempre serão aquilo que está impresso em sua certidão de nascimento ou carteira de identidade. Elas acreditam que a vida nada mais é do que este teatro de vaidades elaborado por aqueles que atualmente detém o poder de determinar como viver. Elas acreditam que tudo aquilo que elas possuem lhes pertence. E o pior: também acreditam que podem possuir pessoas. 

Porém, como já foi expresso aqui das mais variadas formas: aqui nesta dimensão tudo é transitório. E é preciso não mais esquecer isso: que tudo, absolutamente tudo, passa! Aqui nesta dimensão; aqui na Via Láctea, sob este "planetóide grão de areia"; aqui neste período histórico de tempo em que convivemos com esta cambada de pessoas confusas; e que pertencemos a tal país, a tal família, a tal classe social, e etc; Tudo isso passa! E que bom que passa! Pois, se não passasse, nós agora não seríamos “quase seres humanos”. Seríamos ainda animais. Ou, brutamontes das cavernas. Ou, medievais piromaníacos estúpidos. Enfim, seríamos ainda piores do que somos hoje. E esta é a vantagem das coisas passarem! Pois, a passagem do tempo permite a evolução! E, além disso, rotina é algo tremendamente fastidioso, não é mesmo?

(Sócrates) – É mesmo! Nunca pensei nisso desta forma!

(Pafúncio) – Pois é! E por mais que tu valorizes aquilo que hoje os outros são, aquilo que hoje os outros possuem, aquilo que hoje os outros fazem, o que na verdade é muitíssimas vezes mais importante para o teu aprendizado, para a tua evolução, é tudo aquilo que tu atualmente é, possui e faz. 

E é disso que tu deves tomar consciência e passar a valorizar muito mais. Se quiseres te sentir bem, é claro! Pois, um dos maiores segredos para a infelicidade (que, na verdade, também não existe) é valorizar tudo aquilo que os outros são, possuem e fazem, - ou foram, possuíram e fizeram - e desconsiderar o valor de tudo aquilo que faz parte da nossa vida. Tudo aquilo que já realizamos e que ainda podemos realizar. Pois, como se sabe, geralmente as pessoas só se dão conta do verdadeiro valor de tudo aquilo que elas possuem, quando estas lhes são retiradas. Não foi o que você acabou de perguntar? Exatamente por isso as coisas são do jeito que são!

(Sócrates) – Realmente! É bem isso o que ocorre! Mas, então me diga: Como tudo passa, como nada aqui dura pra sempre, isso significa que nós devemos nos manter, de certa forma, desapegados de tudo?

(Pafúncio) – Exatamente! Quando nos desapegamos das coisas, nós passamos a ter e ser todas as coisas. Mas, sobre esta questão prefiro não falar no momento. Isso já é algo que você ainda não será capaz de entender. E muito menos utilizar adequadamente. Falarei sobre isso noutra oportunidade.

(Sócrates) – Mas, Pafúncio, eu acredito que se você utilizar as palavras certas você será capaz de me fazer entender isso!

(Pafúncio) – Certamente, Sócrates! Só que não está na hora de você pensar sobre isso. Além de que, eu sempre costumo fazer a coisa certa, nos momentos certos. Por isso tenho paz de espírito. Em virtude disso sou muito mais feliz! 

Entenda que há muitas outras coisas com as quais tu deve ocupar teus pensamentos no momento. E tu sabes disso! Tu ainda és uma criança. Mas, que já deves te portar como um homem. Deves agir como um guerreiro e abandonares todo este teu sentimentalismo inútil. E para isso, deves enfrentar de uma vez por todas todos os desafios que se encontram em tua vida. Porque a partir de hoje, tu não terá mais problemas em tua vida, terá desafios e oportunidades! E se guardares em tua memória estes ensinamentos, os desafios mais básicos, mediante os quais a maioria dos homens tremem, choram e sofrem a toa, serão imediatamente superados e eliminados de tua vida! Se é que grande parte já não foram!

(Sócrates) – Então, o que me aconselhas a estudar desde já?

(Pafúncio) – Isto é algo que tu mesmo deves decidir! Estudes aquilo que possas ser mais útil no momento. Mas, considere que, para isso, tu deves prestar atenção ao agora, ao momento presente! Observe as coisas a tua volta! Preste atenção na tua atual realidade, e aos problemas que tu vens enfrentando. Preste atenção aos teus hábitos, gostos e atitudes. Tente considerar para onde é que eles estão te levando. É para um bom lugar? É para uma realidade agradável? É para onde queres ir? Se achares que não, então, reformule imediatamente teus pensamentos, gostos e hábitos. Pois, como é dito, se tu não o fizeres, ninguém o fará por ti.

Busque parar de pensar e parar de fazer sempre as mesmas coisas. Tente desviar, ou até mesmo parar o fluxo de teus pensamentos. Pois, são eles a causa da tua atual realidade.

Pare de simplesmente reclamar dos problemas do mundo. Pare de se preocupar com a vida alheia. Pois, para curar algo ou alguém é preciso que te cures primeiro. E tu estás seriamente doente. E o diagnóstico de tua doença é: ignorância e acomodação. Portanto, melhor é que no momento fales menos, e ajas mais. 

Agora, não aspires fazer aquilo que não lhe diz respeito, aquilo para o qual tu não tens a menor vocação, ou para o qual existem pessoas muito mais experientes e capacitadas que tu. Consideres que, aqui ninguém é obrigado, e muito menos capaz de ser magnânimo em tudo. Em razão disso, reconheça todas as tuas limitações, desenvolva os teus talentos naturais, e assuma a tua posição no mundo. E orgulhe-te dela. Por mais insignificante que esta possa parecer ser. Lembre-te que, apesar do fato de que não exista algo que possa ser tido como superior, nada pode ser considerado mais importante do que aquilo tudo que tu deves realizar.

Também é importante que tu prestes mais atenção aos teus sentimentos. Sim! E ao que o teu corpo possa estar querendo te dizer. Busque respeitar teu corpo e tua consciência. Pois, se tu os tratares como um animal, se os intoxicares com porcarias e exageros, tu mesmo te tornarás um suíno em forma de gente. E a tua vida, um verdadeiro chiqueiro enlavajado.

Mas, que fique bem claro: tenha consciência de que não há desculpas. Tudo o que há é o querer, e o não querer. Eis aí a questão! Sendo assim, caso queiras que teu sofrimento seja diminuído, e tua felicidade seja ampliada, lembre-se que para isso será necessário muito mais do que fé. Será necessário: entendimento e atitude! Coisas que o estudo poderá te proporcionar.

Por fim, se precisares de alguém para te aconselhar, então, que este alguém sejas tu mesmo. Pergunte-se a si próprio: sinto-me plenamente bem? O que posso fazer para melhorar? Pois, tu podes melhorar! Pois, sempre há o que melhorar! Pois, não há quem não possa melhorar! Além de que, nunca é tarde para melhorar! 

E é tu quem deves decidir o que é que no momento é mais urgente e importante a ser melhorado em ti, e em tua vida. É tu quem deve decidir para onde é que tu deves ir! E não as influências exteriores a tua vontade: nem destino, nem traumas, e muito menos teus familiares, amigos e conhecidos. Também não são as tuas crenças. E nem as situações, circunstâncias ou ambientes. Mas sim, aquilo que te trás verdadeira alegria, disposição e entusiasmo. Aquilo que permite a manifestação do teu talento, do teu amor, da tua intuição, da tua criatividade. Aquilo que te torna um ser especial, tremendamente importante e completamente diferente de todos os demais seres. 

Sendo assim, se é para ouvir conselhos - como estes que aqui apresento - que a última palavra seja sempre a do teu próprio espírito!

E por aqui encerro este nosso primeiro diálogo. Agora, vê se te puxa, oh, criatura boçal!


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5 comentários:

  1. Rapaz é você quem escreve esses textos de pafuncio e socrates? Se for parabéns, você tem uma visão bem diferente dos demais mortais. rsrs
    Alem de ser muito criativo.

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  2. Esse vocabulário ajuda bastante aos meus alunos para que tenham uma leitura prazeroza e rica não fica entediante nem cansativa.
    adriana barreto

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  3. Muitas pessoas precisam disso

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  4. de por ,de fato, em prática.

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